“Entra no ar via Embratel para todo o Brasil, pela Rede Tupi de Televisão, o Programa Flávio Cavalcanti”.
Com esta frase entrava no ar todos os domingos, às 20h, um dos programas mais polêmicos da televisão brasileira, comandado pelo jornalista e apresentador Flávio Cavalcanti. Com seu jeito de fazer um jornalismo meio agressivo, mas muito interessante. Ele acabou sendo líder de audiência. Flávio atingia mais o público das classes A e B, enquanto Chacrinha, com sua “Buzina do Chacrinha”, era a diversão para o público das classes C e D, mas no fundo todo mundo assistia, claro, mudando de canal, aos dois programas.
Ele comecou na começou num programa de entrevistas da TV Tupi, Canal 6, na Urca, Rio de Janeiro. Contratado pela TV Rio, Canal 13, Rio, passou a apresentar o “Noite de Gala” (1955). Foi e primeiro a entrevistar o o presidente John Kennedy. Acabou convencendo os agentes do FBI. "Imagino o que faria se falasse inglês", disse JFK, ao final da entrevista. Também chegou a entrevistar o famoso deputado Tenório Cavalcanti. O sucesso o levou de volta à TV Tupi, onde comandou “Um instante, maestro!” (1957), em que ele quebrava discos após criticá-los. Tornava-se famoso pela sua maneira de falar agressivamente e pelo gesto de tirar e colocar os óculos. Já em 1966, foram lançados dois programas “A Grande Chance” e “Sua Majestade é a lei”. Umas da famosas frases de Flavio Cavalcanti é os “Os nossos comerciais, por favor!”. Ele tirava os óculos e chamava os comerciais.
Em 1970, estreou seu programa na TV Tupi, canal 6, do Rio de Janeiro. Ousado e polêmico, sabia como poucos comandar um auditório. A audiência o transformou no “rei dos domingos”, só perdendo, algumas vezes, para “Buzina do Chacrinha”, da TV Globo. Foi o primeiro programa a ser transmitido para todo o país, utilizando o canal da Embratel.
Em 1973, foi suspenso por 60 dias, porque entrevistou o homem que emprestou a mulher ao vizinho. E também foi suspenso pela ditadura militar, porque, alegavam, mas ele estava mesmo, protegendo a alegre e extrovertida atriz Leila Diniz, que apenas tinha concedido uma entrevista “escandalosa”, para os padrões morais da época, no jornal “O Pasquim”. Mesmo assim, foi acusado de traidor, entregador de colegas e outras coisas mais. Mas Flávio Cavalcanti continuava sendo líder de audiência, pois era muito querido por todos nós. Famosos artistas passaram pelo seu júri: o jornalista Sérgio Bittencourt, Nelson Motta, Leila Diniz, Mister Eco, José Messias, Maestro Cipó, Oswaldo Sargentelli, Marisa Urban, Erlon Chaves, Márcia de Windsor e Carlos Renato, entre outros.
Com a crise da Tupi, em 1976, reeditou o programa “Um Instante, Maestro!”, na TVS, Canal 11, do Rio de Janeiro. Depois foi tentar salvar a TV Rio, Canal 13, que estava tentando se reerguer, sob o comando de Walter Clark, nas instalações do Panorama Palace Hotel, em Ipanema, que seria a nova sede da mais cariocas das emissoras do Rio.
Mas em 1978, voltou a fazer o programa de TV, na TV Tupi, do Rio.
Transferiu-se em 1982, para a Rede Bandeirantes, de São Paulo, onde comandava o programa diário “Boa Noite, Brasil!”.
Em 1983, Silvio Santos, então, não perdeu a oportunidade e o contratou. O “Programa Flávio Cavalcanti” passou a ser apresentado no SBT no mesmo formado do que havia sito feito na Tupi. Porém, Flávio nunca gostou de viver e comandar um programa em São Paulo.
No dia 22 de maio de 1986, fez uma rápida entrevista e jogou o dedo indicador para o alto: "Nossos comerciais, por favor!" O intervalo acabou e ele não estava mais lá. Tinha sofrido uma isquemia miocárdica aguda durante a apresentação do programa. Levado para o hospital morreria quatro dias depois, com o projeto de abandonar a telinha e abrir um hotel numa praia qualquer. Ele foi sepultado em Petrópolis, município serrano do Rio de Janeiro onde viveu grande parte de sua vida.
Flávio Cavalcanti chamais será esquecido. Parece que a qualquer momento irá voltar. É como se ele tivesse pedido para valer: “Os nossos comerciais, por favor!”.
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